domingo, 7 de novembro de 2010

Apenas mais uma


Já passei muito frio nas esquinas do mundo,
E vislumbro cada dia a tristeza dos olhares,
Meninos ingênuos querendo ser gente grande,
Homens franzinos que eu transformo em gladiadores,
Ofereço meu corpo em troca de dinheiro,
Mas abro apenas o óbvio,
Minto sorrisos e meias palavras,
Guardo comigo o que me compõe.
Escuto segredos de ombros cansados,
Amantes mal amados de camas vazias,
Recebo presentes e olhares de navalha,
Dos falsos ilibados que encenam suas horas,
Tenho feridas que sangram e outras cicatrizes,
Escancaro a superfície e escondo a alma.
Também assisto novela e sou princesa de faz-de-conta,
Tenho desejos e sonhos e muitas histórias na lembrança,
Conheço os neóns luminosos que camuflam a penumbra,
E os vampiros das madrugadas sempre sedentos.
Aprendi a conviver com aparências hostis,
E a ouvir com paciencia palavras marcadas.
Já me deitei por alguns trocados
E já fiz amor sem cobrar nada,
Amei loucamente e fiz planos ousados
E já fui ao cinema de mãos dadas.
Não trago em mim ilustre novidade,
Posso ser tudo o que querem - e o que quero -,
Sou tantas, não todas, sou mulher,
Sou do jeito que todo mundo é.

Todo mundo tem sua história e não há história que não mereça ser contada... esse poema é uma singela homenagem às muitas amantes mal amadas das madrugadas frias... às mulheres que mostram toda a simplicidade do seu corpo, mas guardam para si toda a complexidade do seu ser...

Beijo pra quem é de beijo.]
Abraço pra quem é de abraço!