
Aos 12 anos a menina conhece seu primeiro homem. Enquanto as bonecas vão desaparecendo, as ilusões vão se multiplicando. Aos 13 anos ela faz seu primeiro aborto e, junto com aquele feto, ela expulsa do seu corpo sangue e sonhos. Aos 15 anos ela chora pela morte de sua inocência. Percebe que a vida é cruél para as pessoas ingênuas. Aos 16 anos ela já teve tantos homens que até perdeu a conta e já abandonou tantos sonhos... Aos 18 anos ela se apaixona pela primeira vez. Ele promete largar a esposa e lhe jura amor eterno. Depois paga pelo serviço e vai embora como qualquer outro. Só que ela está cansada de abrir as pernas para a enrada de promessas e saída de sonhos. E assim a vida vai passando e ela completa 30 anos. Os homens já não a querem mais. A vida já não a quer mais. Após várias carteiras abertas para abrirem suas pernas, ela resolveu fechar os olhos e, dessa vez, não abrí-los jamais. Resolveu parar de sonhar, de vez.
A Prostituição, como tudo na vida, tem várias faces. Certas vezes ela é apenas o caminho mais fácil. Certas vezes ela torna-se inexorável. Cada menina, cada menino, cada esquina têm suas histórias. O poema abaixo é, acima de tudo, uma homenagem às amantes mal amadas das frias madrugadas... muitas vezes nos esquecemos que, por trás dos lençóis, existe uma mulher como qualquer outra...
Flores Horizontais

Todas as tardes ao pôr do sol
Apareciam na janela
As murchas flores da noite.
Ora de uma palidez sorumbática,
Ora de um pretume sombrio,
Mas sempre despetaladas e apáticas,
Eram talos de espinhos cuja rosa se perdera,
Restando uma tenra lembrança
Perceptível nos olhares profundos e lânguidos.
As janelas eram iluminadas pelos néons
E pelo brilho gelado dos rostos lustrosos.
De longe, via-se os contornos disformes
Das putas inverossímeis,
Amantes mal amadas das frias madrugadas,
Peitos e pernas perambulantes nas calçadas,
Mulheres da vida ( nada fácil )
Que sonham e sofrem como qualquer outra.
Que levam bofetadas da sorte e são espancadas pelo tempo.
Que são marcadas a ferro pelos currais do mundo.
Mas não desistem de lutar.
Mas não desistem de amar.
Pois são mulheres, acima de tudo.
Beijo pra quem é de beijo e abraço pra quem é de abraço!
E não se esqueçam que aqui vocês podem escancarar todo o sentimento guardado, todo o desejo reprimido e todas as palavras silenciadas... Vamos falar de sexo?