Sexo, prostituição... Tentaremos através das palavras, desvendar os mistérios e as inúmeras nuances que encobrem esses temas. Tentaremos romper com os velhos paradigmas e enfrentar de cabeça erguida os dedos tesos, as bocas moles, os covardes. Vamos falar de sexo?
sexta-feira, 3 de julho de 2009
Biografias Horizontais III - entre meninos e esquinas
Na aula de medicina legal, ouvi uma história que me marcou muito. Um menino nasceu em uma cidadezinha do interior da Bahia com os testiculos internos. Até aí tudo normal, mas conforme o tempo foi passando, seu corpo ia ganhando contornos mais femininos do que deveria. Começou a sofrer desde cedo o pesado fardo do preconceito e iniciava ali uma vida de duras batalhas. Inconformado com a situação, seu pai o expulsou de casa com apenas 13 anos de idade. Sozinho e desamparado, ele ainda estava aflorando sua sexualidade. Ainda não sabia bem se gostava de meninos ou meninas, mas ele tinha que fazer uma difícil escolha: foi embora para Salvador e começou a se prostituir em uma esquina da Avenida Carlos Gomes. Praticamente todo mês ele ia parar em alguma das salas do instituto médico legal aqui de Salvador. Brigas, aagressões, chutes, socos e insultos. Aprendeu com o tempo que a melhor resposta é aquela que se dá, e jamais levava desaforo pra casa. Os engalfinhamentos por disputa de ponto e/ou de clientes também eram constantes. Cada ida ao IML era mais uma marca que a vida lhe deixava. Cada perícia realizada era o retrato de uma hipocrisia e crueldade sem limites. Até que um belo dia, o menino daquela cidadezinha chegou para sua última perícia: tinha sido violentado e levado inúmeras facadas. Cada um de nós, com nossos preconceitos velados, com nossas hipocrisias camufladas e com nossos dedos tesos, ajudamos a empurrar aquela faca toda vez que ela penetrava em sua carne. Espero que esse texto incite uma reflexão sobre as concepções, as idéias e, principalmente, sobre as atitudes de todos. Não julguem ninguém pela cama. E não se esqueçam que todo mundo tem sua história. E não há história que não mereça ser contada.
P.S.: Essa é uma história real e, infelizmente, muito mais comum do que imaginamos.
Grande abraço a todos os meus leitores e obrigado pelas palavras de carinho e incentivo. Esse Blog é de todos vocês. Aberto a todo e qualquer tipo de discussão e ponto de vista. Obrigado também àqueles que têm carinhosamente ofertado selos ao Blog.
E deixem suas perguntas, dúvidas ou curiosidades sobre sexo lá no quarto da sexcilia. Ela está ansiosa em responder aos questionamentos de todos. Fica logo aí ao lado. E pode entrar sem bater viu!
E então, vamos falar de sexo?
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É realmente triste não é meu amigo?
ResponderExcluirQuando o resto do mundo se preocupa com a vida dos outros, ou melhor se preocupa em criticar a vida dos outros, em ter o melhor carro, o melhor telemovél, o melhor baton, enfim, a melhor merda que o outro,deveria preocupar-se era com o azeite para a sopa dos seus filhos e em passar-lhes valores realmente essenciais à vida, para que a cumunhão entre os seres humanos se aproxime um pouco mais da dos animais, porque de facto mais uma vez digo, episódios reais como este fazem-me questionar sobre o que é que andamos aqui a fazer:(
Beijinhos
Pois é...Enquanto agente ainda ficar incomodado com a miseria humana(em todos os sentidos) ainda tem a tal "luz no final do tunel"
ResponderExcluirO problema e que ja estamos pulando o cadaver sem nem sequer querer saber quem era, o q foi, ou porq foi!
estamos perdendo a indignação
Abraçosss
LEO
Concordo com o Leo, agimos de tal forma "sem querer" a contribuir com o aumento indesejável do "Preconceito" sem querer se envolver e olhando somente para o próprio umbigo!
ResponderExcluirBjs...
Sim, e como somos preconceituosos e como discriminamos...
ResponderExcluirGostei daqui, virei seguidora, para poder voltar sempre!
Beijinhos.
Nossa, infelizmente, somos mesmo seres tão cheio de preconceitos.
ResponderExcluirMatamos as pessoas o tempo todo, seja com um olhar de reprova ou numa dessas facadas.
É triste ver os valores trocados, quando tudo isso começa dentro da própria família, é mais triste ainda.É quando "nome da família" pesa mais que o amor, infelizmente. É esse pensamento besta e ignorante de que "na minha família isso não existe". E o amor onde está nessa hora?
Lamentável, que mundo é esse? Quando vamos fazer a nossa parte e mudar isso?
Beijos
Infelizmente esta ainda é uma realidade bem presente na nossa sociedade!
ResponderExcluirVamos mudar mentalidades, marcar pela diferença...
Todos diferentes, todos iguais!
Sempre...
Aff mas to adorando isso aqui!!! leitura deliciosamente agradavel. So podia ser vc! fiquei fã do blog! bjao socio
ResponderExcluirPrecisamos re-criar...um mundo melhor...onde podemos entender que tudo é uma coisa só,e consequentemente esse ser é uma extensão de mim mesma..de você...enfim..em nós
ResponderExcluirBeijos nega